segunda-feira, 17 de março de 2014

Anticomunistas? Por quê?



Anticomunistas? Por quê?
                                                       
            A maioria esmagadora do povo norte americano é, visceralmente, anticomunista. Mas o anticomunismo não se restringe àquele povo. Legiões e legiões de trabalhadores, legiões de profissionais liberais do mundo todo, têm uma postura de rejeição ao comunismo e isso merece uma resposta. Por que o povo, mesmo o trabalhador, tem essa posição de repúdio ao comunismo? Os simplórios respondem que a culpa é do inimigo, que faz uma ampla propaganda anticomunista, como se não fosse esse o seu papel. Entretanto, teremos que pensar a razão pela qual essa propaganda foi tão bem sucedida. Provavelmente, ela não teria o nível de sucesso que desfruta, caso não houvesse uma base real para ela se apegar, e motivos não faltaram, e ainda não faltam,  para que isso aconteça.
        
            Em primeiro lugar, temos que assinalar o fato de que a revolução socialista foi derrotada em escala mundial e essa derrota se estendeu à Rússia Soviética. Ali se instalou a contrarrevolução. A vitória e a consolidação da contrarrevolução na URSS não se deu de forma pacífica. Houve um embate renhido entre forças da revolução e da contrarrevolução. Nesse embate, triunfou a contrarrevolução, instituindo um estado ultrapolicial, onde predominava um só discurso, um só partido, uma só imprensa, uma polícia política, campos de concentração e execuções frequentes.

A nossa infelicidade é que tudo isso que se fazia necessário à implantação do capitalismo de Estado, foi feito em nome do comunismo. São inúmeros os crimes praticados sob a bandeira da foice e do martelo. Além das perseguições políticas, além dos famosos processos de Moscou, quando velhos militantes revolucionários foram caluniados, desmoralizados  e assassinados, milhões de outra vítimas existiram, não só na URSS, como na China, na Coreia do Norte e nos países ditos, indevidamente, socialistas.

Para efeito de ilustração do caráter fascista dos chamados países socialistas, citemos um episódio: na Coreia do Norte, uma jovem, que participou de um filme pornô, foi sumariamente julgada e executada em praça pública. E isso tem um nome, fascismo. É justamente nesses fatos que se apoia o imperialismo para desfechar uma exitosa campanha anticomunista.

O povo brasileiro, por exemplo, vê que, aqui, existem trinta partidos políticos, milhares de jornais, centenas de discursos, todos fluindo livremente, embora por trás dessa inegável liberdade política exista a ditadura do capital sobre o trabalho. Enquanto isso, em Cuba, predomina um só discurso, um só partido, uma só imprensa e, qualquer dissidente é acusado, violentamente, de agente da CIA, sabotador, “inimigo do povo”, num gesto claro de intolerância política.

A contrarrevolução stalinista é a grande responsável não só pela manutenção do capitalismo como e, sobretudo, pela aversão popular que desfruta o comunismo. Não é um gesto revolucionário querer imputar esse sentimento de repulsa apenas ao inimigo explícito quando, na verdade, o verdadeiro inimigo foi e são as forças políticas, travestidas de esquerda, e circulando, mundo afora, sob o carimbo do “marxismo-leninismo” e do “marxismo-leninismo-trotskismo”. Não é à toa que se diz ser o pior inimigo o falso amigo.

Existe a premissa de que a verdade é revolucionária, portanto, os revolucionários, que foram acalentados, anos a fio, por lendas, mentiras e fantasias, mas que guardam um sentimento de apoio à luta a necessária transformação da sociedade, devem ter a coragem de enfrentar a realidade histórica e não se empenhar em querer justificar o injustificável e, muito menos, persistir na posição, politicamente insustentável, de que a culpa de nossos insucessos corre por conta do inimigo, quando o real inimigo veste-se com a camisa do socialismo ou do comunismo, garantindo uma injusta sobrevida a um sistema socioeconômico exaurido, que não se cansa, na sua jornada destrutiva, de ameaçar a sobrevivência da própria raça humana.

Diante dos fatos colocados, em nada contribuem os urros e os rangidos de dentes. É necessário que se apresentem argumentos, despidos de rancor e de preconceitos. Só o livre debate será capaz de restabelecer a verdade histórica, caminho único para o sucesso da proposta socialista.

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