Governar
para todos?
Estamos em campanha eleitoral, destacando-se a escolha da
presidência. Não há discussão política. Predominam as denúncias em torno da
corrupção e ela é debitada aos políticos profissionais que se prestam a fazer
os serviços sujos, enquanto banqueiros, agropecuaristas, industriais,
mineradores, enfim, a classe burguesa, enche seus bolsos. A população
desinformada, ao invés de dirigir as suas insatisfações contra o capitalismo,
que é o responsável pelas desgraças sociais, volta toda a sua indignação para
os agentes da burguesia, os políticos profissionais a seu serviço.
Dentre os trinta partidos existentes no Brasil, deles se
dizem trabalhistas, socialistas, e até comunistas. Porém, vergonhosamente,
esses partidos contribuem para manter o povo na ignorância política.
Dentre os candidatos à Presidência da República está a
candidatura do PSOL, Luciana Genro, dizendo que “não governará para todos”. Ora, em uma sociedade dividida em
classes e camadas sociais, é impossível governar que não seja para uma só
classe, a classe que tem o poder, que tem o Estado.
É uma lição primária saber que Governo e Poder são duas
coisas distintas. Governos são eventuais e subalternos ao poder de Estado, com
todo seu aparato, inclusive seu braço armado pronto para intervir em defesa da
“ordem” burguesa.
Desta maneira, no capitalismo, todo e qualquer governo tem
a missão de servir aos interesses da burguesia. Quando ocorrem conflitos entre Governo
e poder, o Governo é afastado, é deposto em nome da “ordem”.
A história está repleta de testemunhos desses fatos,
inclusive Jango, no Brasil; Allende, no Chile; Sukarno, na Indonésia. Isto para
citar apenas uns poucos.
Essa pobre esquerda “marxista-leninista” não sabe a mais
primária lição. Não sabe que governar não é um ato de vontade e, sim, um ato de
poder. Tomemos um exemplo: O pai tem vontade
de colocar seu filho numa excelente escola, mas ocorre que ele não pode.
Veja-se, então, a diferença entre querer e poder.
A candidata a presidente, Luciana Genro, diz que vai
governar para o povo. Como poderia isso acontecer, se o governo no capitalismo
está a serviço de uma única classe, a burguesia?
O PSOL, pretensamente socialista, precisa afinar o
discurso e evitar afirmações incorretas. Sua missão é levar adiante a educação
política que liberte o povo de qualquer tipo de ilusão.
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