O Golpe Bonapartista
A burguesia é formada de uma
extrema minoria. Ela não poderia dominar a imensa maioria não fosse o uso de seus
vários instrumentos, ou melhor, do chamado aparelho de Estado, com as suas
diversas instituições, dentre elas as Forças Armadas.
Os políticos de carreira
têm a tarefa de defender o sistema socioeconômico vigente, ostensivamente.
Dessa maneira, as insatisfações populares são dirigidas contra eles. O discurso
é simples. Dizem eles: O capitalismo é bom, porém, os seus políticos são maus.
Em fins da década de 50 e início
dos anos 60, observou-se uma grande comoção social no Brasil. De repente, passamos
a ter dois blocos políticos. Um deles defendia a necessidade de um elenco de
reformas, AS REFORMAS DE BASE, cujo objetivo seria o de adequar o crescimento do
capitalismo no Brasil. O outro bloco se opunha, firmemente, a essas reformas;
temia que elas pudessem desaguar num processo revolucionário como ocorrera em Cuba,
no início de 1959.
O bloco reformista era capitaneado
pelo PTB mas, sobretudo, pelo velho PCB. Esse bloco pretendia arregimentar as
massas populares com o objetivo claro de pressionar os conservadores dizendo: As
massas estão aí, a cada dia mais inquietas, a cada dia mais explosivas; façamos,
pacificamente, as reformas antes que as massas tomem o caminho da insurreição.
Na verdade, apesar da influência das
revoluções cubana e chinesa, faltava-nos organizações revolucionárias que se
dispusessem a propor às massas o caminho da revolução socialista. Aprofundados
os conflitos, criou-se uma situação pré-revolucionária, um dilema: Revolução ou contrarrevolução. Foi aí
que a burguesia lançou mão do seu braço armado e promoveu o golpe contrarrevolucionário
de 1964, que teve a inequívoca participação indireta da esquerda reformista.
Para camuflar essa verdade histórica, ao invés de se dizer do caráter burguês
do golpe, passou-se a chamá-lo, indevidamente, de golpe militar e, pior ainda,
de ditadura militar, esquecendo que os capatazes e jagunços é que são os donos
da terra.
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