sexta-feira, 29 de agosto de 2014

O Golpe Bonapartista



O Golpe Bonapartista

A burguesia é formada de uma extrema minoria. Ela não poderia dominar a imensa maioria não fosse o uso de seus vários instrumentos, ou melhor, do chamado aparelho de Estado, com as suas diversas instituições, dentre elas as Forças Armadas. 

Os políticos de carreira têm a tarefa de defender o sistema socioeconômico vigente, ostensivamente. Dessa maneira, as insatisfações populares são dirigidas contra eles. O discurso é simples. Dizem eles: O capitalismo é bom, porém, os seus políticos são maus.

Em fins da década de 50 e início dos anos 60, observou-se uma grande comoção social no Brasil. De repente, passamos a ter dois blocos políticos. Um deles defendia a necessidade de um elenco de reformas, AS REFORMAS DE BASE, cujo objetivo seria o de adequar o crescimento do capitalismo no Brasil. O outro bloco se opunha, firmemente, a essas reformas; temia que elas pudessem desaguar num processo revolucionário como ocorrera em Cuba, no início de 1959. 

          O bloco reformista era capitaneado pelo PTB mas, sobretudo, pelo velho PCB. Esse bloco pretendia arregimentar as massas populares com o objetivo claro de pressionar os conservadores dizendo: As massas estão aí, a cada dia mais inquietas, a cada dia mais explosivas; façamos, pacificamente, as reformas antes que as massas tomem o caminho da insurreição. 

          Na verdade, apesar da influência das revoluções cubana e chinesa, faltava-nos organizações revolucionárias que se dispusessem a propor às massas o caminho da revolução socialista. Aprofundados os conflitos, criou-se uma situação pré-revolucionária, um dilema: Revolução ou contrarrevolução. Foi aí que a burguesia lançou mão do seu braço armado e promoveu o golpe contrarrevolucionário de 1964, que teve a inequívoca participação indireta da esquerda reformista. Para camuflar essa verdade histórica, ao invés de se dizer do caráter burguês do golpe, passou-se a chamá-lo, indevidamente, de golpe militar e, pior ainda, de ditadura militar, esquecendo que os capatazes e jagunços é que são os donos da terra.

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