quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Isso não!



Isso não!

Alguns, possuídos da mais despudorada má fé, nos acusam de termos dado as costas ao marxismo. Trata-se justamente do contrário, pois nossa proximidade ao marxismo, ou melhor, ao socialismo revolucionário, é que tem nos levado a nos empenhar em denunciar aqueles que, sob o rótulo do “marxismo-leninismo” e do “trotskismo”, renegaram os princípios do socialismo e se prestaram ao papel de dar sustentação ao capitalismo em franco processo de exaustão, nos arrastando para a tragédia total. Pouco nos importa que a maioria desses senhores tenham procedido com boas intenções.
Um dos truques usados pela direita travestida de esquerda é autoproclamar-se herdeira legítima e única de uma revolução que, a rigor, não se consumou. Em nome dessa presumida herança, apresentam-se como guardiões da causa socialista. Ao lado dessas falsas premissas, eles passaram a acusar os dissidentes de “inimigos do povo” a serviço da contrarrevolução, enquanto eles eram, e são, as mais eficazes correntes de sustentação do sistema.
Façamos uma boa pausa para pensar. Por que as igrejas, aqui e alhures, reúnem milhões de devotos, dispostos aos mais diversos sacrifícios? Tentemos responder. É a desesperança e a fuga desenfreada desse mundo hostil que levam milhões de homens e mulheres a se prestarem à condição de rebanhos em mãos de uns poucos charlatães e vivaldinos que exploram esses momentos de fragilidade, agravados pelo fato de o sistema socioeconômico vigente encontrar-se na UTI da história, enquanto que o “marxismo-leninismo” deixou claro o seu caráter fraudulento.
A massa do povo trabalhador deveria estar em torno dos partidos e movimentos revolucionários. Isso não ocorre, e a população, em situação de orfandade, agarra-se às múltiplas fantasias e falsas saídas.
Foi em razão da derrota da revolução mundial, na década de 20, do século passado, que foi adotado o escuso expediente de se vender gato por lebre. Essa fraude trouxe e traz graves prejuízos aos interesses da humanidade.
Quem traiu o socialismo revolucionário, quem cumpriu o papel de inimigo, foram eles. De nossa parte, fazemos um empenho sobre-humano de soerguer o socialismo reabilitando os seus princípios, particularmente aquele que diz ser a luta de classes o motor da história. Junto a esse princípio mater, evidenciar que o proletariado não tem pátria e seu caráter é internacionalista. Assinalar que a obra de libertação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores, não existindo, portanto, “partido libertador da classe operária”. Esclarecer que o socialismo é apenas uma possibilidade e nunca uma fatalidade, algo que se não for hoje, será para os nossos filhos, netos ou até mesmo bisnetos.
Dizer que nos afastamos do socialismo revolucionário é mais uma deslavada mentira. Quem dele se afastou foram os que substituíram a luta de classes pela luta nação opressora versus nação oprimida; os que deixaram de reconhecer, na democracia política, um legado histórico, que deveria ser superado tão somente pela democracia social; aqueles que promoveram um desastroso retrocesso com a supressão absoluta do livre debate e da livre organização. Aqueles, também, que põem a mão no peito e proclamam “Pátria ou morte venceremos”, ou senão cantam, a plenos pulmões: “Ou ficar a Pátria livre ou morrer pelo Brasil”. São esses os que realmente se distanciam da revolução, seja de forma consciente ou inconsciente.
Assim como não podemos abandonar o convívio com milhões de devotados cristãos, judeus, muçulmanos..., não podemos deixar de dispensar atenção à imensa maioria dos que caíram no logro do “marxismo-leninismo” ou “trotskismo”. É nosso dever lutar para desmanchar o nó que foi dado na cabeça dos letrados e iletrados, pois essa é a causa de nossa miséria política.


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