Isso
não!
Alguns, possuídos da mais
despudorada má fé, nos acusam de termos dado as costas ao marxismo. Trata-se
justamente do contrário, pois nossa proximidade ao marxismo, ou melhor, ao
socialismo revolucionário, é que tem nos levado a nos empenhar em denunciar
aqueles que, sob o rótulo do “marxismo-leninismo” e do “trotskismo”, renegaram
os princípios do socialismo e se prestaram ao papel de dar sustentação ao
capitalismo em franco processo de exaustão, nos arrastando para a tragédia
total. Pouco nos importa que a maioria desses senhores tenham procedido com
boas intenções.
Um dos truques usados pela
direita travestida de esquerda é autoproclamar-se herdeira legítima e única de
uma revolução que, a rigor, não se consumou. Em nome dessa presumida herança,
apresentam-se como guardiões da causa socialista. Ao lado dessas falsas
premissas, eles passaram a acusar os dissidentes de “inimigos do povo” a
serviço da contrarrevolução, enquanto eles eram, e são, as mais eficazes
correntes de sustentação do sistema.
Façamos uma boa pausa para
pensar. Por que as igrejas, aqui e alhures, reúnem milhões de devotos,
dispostos aos mais diversos sacrifícios? Tentemos responder. É a desesperança e
a fuga desenfreada desse mundo hostil que levam milhões de homens e mulheres a
se prestarem à condição de rebanhos em mãos de uns poucos charlatães e
vivaldinos que exploram esses momentos de fragilidade, agravados pelo fato de o
sistema socioeconômico vigente encontrar-se na UTI da história, enquanto que o
“marxismo-leninismo” deixou claro o seu caráter fraudulento.
A massa do povo trabalhador
deveria estar em torno dos partidos e movimentos revolucionários. Isso não
ocorre, e a população, em situação de orfandade, agarra-se às múltiplas
fantasias e falsas saídas.
Foi em razão da derrota da
revolução mundial, na década de 20, do século passado, que foi adotado o escuso
expediente de se vender gato por lebre. Essa fraude trouxe e traz graves
prejuízos aos interesses da humanidade.
Quem traiu o socialismo
revolucionário, quem cumpriu o papel de inimigo, foram eles. De nossa parte,
fazemos um empenho sobre-humano de soerguer o socialismo reabilitando os seus
princípios, particularmente aquele que diz ser a luta de classes o motor da
história. Junto a esse princípio mater,
evidenciar que o proletariado não tem pátria e seu caráter é internacionalista.
Assinalar que a obra de libertação dos trabalhadores será obra dos próprios
trabalhadores, não existindo, portanto, “partido libertador da classe operária”.
Esclarecer que o socialismo é apenas uma possibilidade e nunca uma fatalidade,
algo que se não for hoje, será para os nossos filhos, netos ou até mesmo
bisnetos.
Dizer que nos afastamos do
socialismo revolucionário é mais uma deslavada mentira. Quem dele se afastou
foram os que substituíram a luta de classes pela luta nação opressora versus
nação oprimida; os que deixaram de reconhecer, na democracia política, um
legado histórico, que deveria ser superado tão somente pela democracia social; aqueles
que promoveram um desastroso retrocesso com a supressão absoluta do livre
debate e da livre organização. Aqueles, também, que põem a mão no peito e
proclamam “Pátria ou morte venceremos”, ou senão cantam, a plenos pulmões: “Ou
ficar a Pátria livre ou morrer pelo Brasil”. São esses os que realmente se
distanciam da revolução, seja de forma consciente ou inconsciente.
Assim como não podemos
abandonar o convívio com milhões de devotados cristãos, judeus, muçulmanos...,
não podemos deixar de dispensar atenção à imensa maioria dos que caíram no
logro do “marxismo-leninismo” ou “trotskismo”. É nosso dever lutar para
desmanchar o nó que foi dado na cabeça dos letrados e iletrados, pois essa é a
causa de nossa miséria política.
Nenhum comentário:
Postar um comentário