sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

A arte de escamotear

A arte de escamotear
                                                                                                                     Gilvan Rocha 

            A verdade é revolucionária, já se disse. Por essa razão, existe um constante empenho, por parte da burguesia, para que a verdade política não seja desvelada. Ela tem a imperiosa necessidade de escamotear e, para tão perversa tarefa, conta com os solícitos préstimos da esmagadora maioria daquilo que se convencionou chamar de esquerda e que, hoje, no Brasil, responde pelas siglas PT, PCdoB, PSB, PDT...
            Há alguns dias, o país ficou estarrecido diante da brutalidade de um crime crudelíssimo. Um menino de seis anos foi arrastado por sete quilômetros, preso a uma viatura conduzida por três assaltantes. Pós o episódio, vieram os debates. Psicólogos, sociólogos, e outros especialistas derramaram suas opiniões a respeito do ocorrido. Um ponto nessa discussão foi ressaltado – a maioridade penal – pois, sempre é dito que a violência reinante é fruto da impunidade e, assim, o poder legislativo apressou-se em aprovar algumas medidas que tornam a execução penal mais rigorosa.
            Discute-se, pois, as causas acessórias da violência, mas evita-se discutir a verdadeira causa. Não se diz que a violência crescente é filha de uma profunda desigualdade social. Não se fala que vivemos numa sociedade cujo objetivo maior é a busca do lucro para uns poucos. Não se faz a denúncia do capitalismo como causa maior da violência.
             O que esperar de uma juventude sem perspectiva, fustigada pela propaganda que diz ser bem sucedido dirigir um possante carro, pilotar uma moto, vestir roupas de grife, não importando como tais coisas são adquiridas?

             Vimos que toda discussão suscitada em decorrência do tão brutal episódio ficou na superfície. Mais uma vez a verdade foi escamoteada e as soluções apontadas são meras maquiagens. Limitar-se em ficar na periferia dos problemas, sem ir a fundo, é um comportamento que, além de equivocado, representa uma marcha para o suicídio social, uma vez que o capitalismo, sem nenhum compromisso com a vida, tem olhos e ouvidos tão somente para o lucro e, para manter-se de pé a qualquer custo, produz sucessivas e profundas chagas sociais.

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