segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Ao camarada Gílber



Ao camarada Gílber

Reportando-se a experiência derrotada da comuna de Paris, Marx disse que o proletariado deve aprender, com suas derrotas, lamber as suas feridas, tirar as lições para se fortalecer nos seus futuros embates. Ora, Gílber, para que isso ocorra é necessário que, em caso de derrota, ela seja, antes de tudo, reconhecida.

Alguns elementos do processo de derrota da revolução socialista já estavam dados, no início dos anos vinte, do século passado. Era necessário que esse fato fosse reconhecido; aliás, é bom lembrar que, em 1919, Vladimir Lenin disse profeticamente: “Ou a revolução socialista triunfa na Europa Ocidental ou pereceremos”. E, foi isso, meu caro, exatamente o que ocorreu. A revolução socialista foi derrotada em escala mundial.

O reconhecimento dessa derrota permitiria uma retirada com menores danos. A tragédia nossa foi que, ao invés de assumir a derrota, proclamou-se vitória, apresentando a URSS como socialista. Porém, o que se deu ali foi o exercício de todas as tarefas pertinentes à construção do capitalismo: reforma agrária radical (coletivização forçada); a montagem de parques industriais; a construção de enormes obras de infraestrutura; um hercúleo trabalho de educação instrumental. Tudo isso foi feito a um alto custo social e enormes foram os crimes praticados contra as pessoas, contra a liberdade e contra o meio ambiente. Tudo isso, meu caro, foi feito em nome do socialismo, o que não passa de uma tremenda mentira e, em decorrência dela, se explica a sobrevivência de um capitalismo exaurido e de uma esquerda profundamente equivocada.

Por outro lado, camarada Gílber, Engels disse: “O capitalismo traz consigo um dilema, o capitalismo ou o caos”. Quarenta anos depois, a Rosa Luxemburgo disse: “O capitalismo nos coloca diante do dilema: o socialismo ou a barbárie”. Mas, hoje, estamos autorizados a dizer que vivemos o seguinte impasse: o socialismo ou a tragédia total.

É evidente que o capitalismo não experimentará a eternização, ou será superado pela revolução socialista, desde que ela tenha força para se impor, ou arrastará a humanidade para a tragédia total. Eis um determinismo histórico. Fico deveras feliz em participar de um espaço democrático, como tem sido o Coletivo Socialistas Livres, despido de preconceitos e aberto para discussão.

Fraterno abraço.

Gilvan Rocha

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