Ao camarada Gílber
Reportando-se
a experiência derrotada da comuna de Paris, Marx disse que o proletariado deve
aprender, com suas derrotas, lamber as suas feridas, tirar as lições para se
fortalecer nos seus futuros embates. Ora, Gílber, para que isso ocorra é
necessário que, em caso de derrota, ela seja, antes de tudo, reconhecida.
Alguns
elementos do processo de derrota da revolução socialista já estavam dados, no
início dos anos vinte, do século passado. Era necessário que esse fato fosse
reconhecido; aliás, é bom lembrar que, em 1919, Vladimir Lenin disse
profeticamente: “Ou a revolução socialista triunfa na Europa Ocidental ou
pereceremos”. E, foi isso, meu caro, exatamente o que ocorreu. A revolução
socialista foi derrotada em escala mundial.
O
reconhecimento dessa derrota permitiria uma retirada com menores danos. A
tragédia nossa foi que, ao invés de assumir a derrota, proclamou-se vitória,
apresentando a URSS como socialista. Porém, o que se deu ali foi o exercício de
todas as tarefas pertinentes à construção do capitalismo: reforma agrária
radical (coletivização forçada); a montagem de parques industriais; a
construção de enormes obras de infraestrutura; um hercúleo trabalho de educação
instrumental. Tudo isso foi feito a um alto custo social e enormes foram os
crimes praticados contra as pessoas, contra a liberdade e contra o meio ambiente.
Tudo isso, meu caro, foi feito em nome do socialismo, o que não passa de uma
tremenda mentira e, em decorrência dela, se explica a sobrevivência de um
capitalismo exaurido e de uma esquerda profundamente equivocada.
Por
outro lado, camarada Gílber, Engels disse: “O capitalismo traz consigo um
dilema, o capitalismo ou o caos”. Quarenta anos depois, a Rosa Luxemburgo
disse: “O capitalismo nos coloca diante do dilema: o socialismo ou a barbárie”.
Mas, hoje, estamos autorizados a dizer que vivemos o seguinte impasse: o
socialismo ou a tragédia total.
É
evidente que o capitalismo não experimentará a eternização, ou será superado
pela revolução socialista, desde que ela tenha força para se impor, ou
arrastará a humanidade para a tragédia total. Eis um determinismo histórico.
Fico deveras feliz em participar de um espaço democrático, como tem sido o
Coletivo Socialistas Livres, despido de preconceitos e aberto para discussão.
Fraterno
abraço.
Gilvan
Rocha
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