sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Descobrir o prego



Descobrir o prego

            Corre uma pequena história que é bem esclarecedora. Conta-se que um viajante chegou a uma cidade e buscou uma pousada. Lá foi informado de que havia apenas um quarto disponível. Após os preparativos para o sono, eis que ele não consegue dormir, pois se sente, permanentemente, incomodado. Vira-se para um lado e para outro, mas o incômodo não desaparece. Irritado, ele se dá ao trabalho de buscar a causa do seu desassossego. Mexe daqui e dali, remove o colchão e descobre uma ponta de prego, que era a causa do incômodo.

         Descoberta a causa, descoberta a ponta do prego, o nosso herói vai buscar a solução. Ali não havia um martelo, não havia outra ferramenta, mas, ele encontra uma pedra e, com ela, procura dobrar a ponta do prego, o que termina conseguindo e, dessa forma, cria as condições para gozar do seu merecido descanso.

       Dessa história devemos extrair uma lição substancial. Diante de problemas é necessário buscar a causa deles. É muito frequente que alguém, com dor de cabeça ou com febre, tome remédio para se curar desses males. Ora, a febre ou a dor de cabeça, regra geral, não são doenças em si; são sinais de uma doença. A febre, regra geral, é um sintoma, cuja causa pode estar em uma infecção. O caminho correto é tratar da causa, eliminar o foco, curar a infecção.

Remetamo-nos para as mazelas sociais. Elas estão presentes em nossa realidade: favelas, violência, drogas, desempregos, prostituição, corrupção, compõem uma imensa lista. O comum é se procurar resolver essas questões sem buscar a causa que as geram. Assim, é que prosperam campanhas do tipo “Minha Casa Minha Vida”; “Não à Prostituição”, “Passemos o Brasil a Limpo”, e outras do gênero, que se voltam para o combate aos sintomas, desprezando a necessária busca da causa.

Quando o nosso viajante descobriu o que impedia o seu sono, ele soube buscar a solução. Da mesma maneira, quando o povo descobrir a causa de suas desgraças sociais, haverá de encontrar os instrumentos adequados para eliminar aquilo que é o motivo de seu sofrer.

Na sociedade atual, no capitalismo, as desgraças sociais existentes só tendem a se aprofundar e a crescer. Mas só existe uma forma realmente consequente de enfrentar essa situação. É dar-se conta de que todas as desgraças sociais não decorrem de governos; decorrem, sobretudo, do sistema socioeconômico vigente, do capitalismo, cuja única lógica é a busca do lucro para uns poucos (burguesia).

Assim sendo, a maior contribuição que se pode dar no sentido de que haja a superação das mazelas sociais, é levar ao povo a informação sobre o que provoca essas desgraças. Sabendo a causa, o povo haverá de encontrar a forma de eliminá-la. Portanto, denunciemos a causa (capitalismo) e, então, teremos a certeza de que se encontrarão os meios de suprimi-la.

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