Descobrir
o prego
Corre uma pequena história que é bem esclarecedora.
Conta-se que um viajante chegou a uma cidade e buscou uma pousada. Lá foi
informado de que havia apenas um quarto disponível. Após os preparativos para o
sono, eis que ele não consegue dormir, pois se sente, permanentemente,
incomodado. Vira-se para um lado e para outro, mas o incômodo não desaparece. Irritado,
ele se dá ao trabalho de buscar a causa
do seu desassossego. Mexe daqui e dali, remove o colchão e descobre uma ponta
de prego, que era a causa do incômodo.
Descoberta a causa, descoberta a ponta do prego, o nosso
herói vai buscar a solução. Ali não havia um martelo, não havia outra ferramenta,
mas, ele encontra uma pedra e, com ela, procura dobrar a ponta do prego, o que
termina conseguindo e, dessa forma, cria as condições para gozar do seu
merecido descanso.
Dessa história devemos extrair uma lição substancial.
Diante de problemas é necessário buscar a causa deles. É muito frequente que
alguém, com dor de cabeça ou com febre, tome remédio para se curar desses
males. Ora, a febre ou a dor de cabeça, regra geral, não são doenças em si; são
sinais de uma doença. A febre, regra geral, é um sintoma, cuja causa pode estar
em uma infecção. O caminho correto é tratar da causa, eliminar o foco, curar a
infecção.
Remetamo-nos
para as mazelas sociais. Elas estão presentes em nossa realidade: favelas,
violência, drogas, desempregos, prostituição, corrupção, compõem uma imensa
lista. O comum é se procurar resolver essas questões sem buscar a causa que as geram.
Assim, é que prosperam campanhas do tipo “Minha Casa Minha Vida”; “Não à Prostituição”,
“Passemos o Brasil a Limpo”, e outras do gênero, que se voltam para o combate
aos sintomas, desprezando a necessária busca da causa.
Quando
o nosso viajante descobriu o que impedia o seu sono, ele soube buscar a
solução. Da mesma maneira, quando o povo descobrir a causa de suas desgraças
sociais, haverá de encontrar os instrumentos adequados para eliminar aquilo que
é o motivo de seu sofrer.
Na
sociedade atual, no capitalismo, as desgraças sociais existentes só tendem a se
aprofundar e a crescer. Mas só existe uma forma realmente consequente de
enfrentar essa situação. É dar-se conta de que todas as desgraças sociais não
decorrem de governos; decorrem, sobretudo, do sistema socioeconômico vigente, do
capitalismo, cuja única lógica é a busca do lucro para uns poucos (burguesia).
Assim
sendo, a maior contribuição que se pode dar no sentido de que haja a superação
das mazelas sociais, é levar ao povo a informação sobre o que provoca essas
desgraças. Sabendo a causa, o povo
haverá de encontrar a forma de eliminá-la. Portanto, denunciemos a causa (capitalismo)
e, então, teremos a certeza de que se encontrarão os meios de suprimi-la.
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