Profissão: marxista
O
discurso dos dois mundos, um socialista ascendente e outro capitalista
decadente sucumbiu, dando lugar à profissão de “marxista”. Mas como isso se
deu? As postulações socialistas foram derrotadas em 1912/13, quando, no
confronto entre o discurso de defesa da
pátria e o que propunha transformar a guerra imperialista em insurreições
socialistas, o primeiro triunfou e os partidos operários, regra geral, foram convertidos
em agremiações social-patriotas. Porém, essa vitória burguesa não foi completa,
naquele momento, pois se deu a Revolução Russa, em 1917 e, com ela, nasceram as
esperanças de que o processo de derrota fosse revertido.
Isso
não ocorreu e a contrarrevolução se instalou no seio da República Soviética, produzindo
o fenômeno do stalinismo. Para se consolidar, a contrarrevolução tinha que
promover o sepultamento da teoria socialista. Essa tarefa exigiu a criação da
Academia de Ciência da URSS e, através dela, foi cunhada a expressão
“marxismo-leninismo”. A primeira medida no sentido de sepultar o socialismo foi
a substituição do princípio da luta de classes pela contradição entre nações
opressoras versus nações oprimidas. Junte-se a isso, a formulação da tese da
“construção do socialismo em um só país” e a nomeação da URSS como a “pátria
mãe do socialismo”, propondo-se que tudo deveria ser feito em nome dos
interesses do Estado soviético.
Desmoronado
o discurso dos dois mundos, ficaram os “marxistas-leninistas-trotskistas” sem
discurso e é nesse vácuo que se firma o “marxismo legal”, acadêmico, como
profissão bem remunerada, gozando de prestígio e benesses.
Esses
“marxistas” profissionais não se prestam a esclarecer o que foi a Revolução
Russa, ou a chinesa, ou a cubana, ou a Guerra Civil na Espanha, ou a criminosa
tese do caminho pacífico para o socialismo, que redundou, entre outros trágicos
episódios, nos golpes de 1964, no Brasil; de 1965, na Indonésia; e o de 1973,
no Chile.
Não,
esses senhores “marxistas” se embrenham no subjetivismo e se negam,
escandalosamente, em se envolver nas questões políticas presentes e passadas.
Não é por acaso que os “marxistas” profissionais, remunerados pelas academias,
têm merecido da burguesia tratamento “respeitoso” e benevolente. Essa profissão
está muito mais para o charlatanismo do que para o exercício real do
conhecimento que tanto necessitamos, pois tanto nos aflige.
http://gilvanrocha.blogspot.com/2014/02/profissao-marxista_19.html
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