Considerações
sobre o imperialismo
Lemos, atentamente, o formidável trabalho sobre a
Venezuela subscrito pelos camaradas Gílber e Mauro. Necessário se faz
procedermos a algumas observações. Uma das piores heranças deixadas pela
cultura stalinista prende-se ao trato do imperialismo. Toda cultura legada por
essa corrente política, nesses últimos noventa anos, tem levado à redução criminosa
do conceito de imperialismo, atribuindo-o unicamente aos EUA.
Essa
formulação, completamente equivocada, leva a duas severas distorções. A
primeira delas é deixar de enxergar que, na fase imperialista do capitalismo, o
centro do poder está sob o controle das corporações, presentes em todo o globo
terrestre. O fato dessas corporações terem, eventualmente, matrizes na
Alemanha, na França, na Inglaterra, na Itália, na Bélgica, no Canadá, no
Japão..., faz com que se imagine ser o imperialismo um fenômeno nacional, e isso é um absurdo. Do ponto de vista,
estritamente político, os EUA jogam o papel de gendarme do capitalismo, assim
como os ingleses jogaram esse papel até o início da Segunda Grande Guerra. Mas,
o prejuízo maior, trazido pelo stalinismo é o antiamericanismo. Ao invés de se
dizer que o inimigo da humanidade é o capitalismo, levanta-se o equivocado
discurso de que todo mal social advém de uma única fonte, o imperialismo ianque.
Partindo
dessa falsa premissa, tudo o que for antiamericano deverá ser louvado,
esquecendo que o fundamentalismo islâmico, representado pelo Irã, Síria,
Talibã, e outras correntes similares, são expressão do fascismo e, entre uma
pugna das forças democráticas imperialistas e o fascismo, não é correto nos
colocarmos ao lado do fascismo. Isso ficou bem claro durante a contenda entre a
democracia burguesa dos “aliados” na Segunda Guerra contra o nazi-fascismo.
Por
sua vez, o antiamericanismo produz, em escala mundial, o nacionalismo como
instrumento de oposição ao imperialismo e isso é um crasso erro. Ao
imperialismo devemos opor somente, e tão somente, a revolução socialista. Esses
fatos devem estar bem claros para nós, para evitar que achemos ser uma corrente
a ou b, progressista, pelo simples fato de ostentar um antiamericanismo, como
fazia o coronel Chávez, inclusive usando de gracejos do tipo de denunciar
cheiro de enxofre dado à presença de George Bush.
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